-ORÓS
A palavra Orós aparece nos livros de registros das Datas e Sesmarias do Ceará em 1732, quando falam de um "riacho que vai se meter no Oró", e em 1736, do "sítio dos Horós"[carece de fontes].
Orós, no sufixo grego universal, significa montanhas[carece de fontes]. Vem dele o nome orografia, para descrever montanhas, e orologia, a gênese das mesmas[carece de fontes]. Apesar do município ter cordilheiras vastas que formam vales e boqueirões, admitir-se que seu nome tenha origem aí é suposição sem base, sobretudo quando inexistem outros topônimos cearenses com derivação semelhante.
-ORÓS NO CINEMA
Os Trapalhões e o Mágico de Oróz é um filme brasileiro de 1984, do gênero comédia infantil, dirigido por Victor Lustosa e Dedé Santana e estrelado pela trupe humorística Os Trapalhões. Foi realizado por Renato Aragão Produções em parceria com DeMuZa Produções. O filme é uma paródia do conto O Mágico de Oz.
Didi (Renato Aragão), um sertanejo humilde que padecia fome e sede devido à seca no nordeste brasileiro, segue sem rumo com seus companheiros Soró (Arnaud Rodrigues) e Tatu (José Dumont) em busca de melhores condições de vida. Pelo caminho, Didi encontra mais três novos companheiros: o Espantalho (Zacarias), a quem salvou de um bando de Carcarás e que desejava conseguir um cérebro para se tornar uma pessoa comum; o Homem-de-lata (Mussum), que desejava um coração para completar sua felicidade; e o Leão (Dedé Santana), que era o delegado covarde de Oróz e inicialmente lutou contra Didi, mas depois juntou-se ao grupo com o objetivo de levar água para a cidade. O Leão desejava livrar-se de sua covardia. Até que encontram no deserto o lar do Mágico de Oróz (Dary Reis). Este os aconselha a buscarem um monstro de metal que jorra água pela boca, a fim de resolverem o problema da sêca, e a nunca desistirem de conseguir o que desejam. Após enfrentarem e derrotarem, com a ajuda do Mágico de Oróz, o malvado Coronel Ferreira (Maurício do Valle), que comercializava a pouca água dos açudes de Oróz, são levados pelo Mágico e seus poderes à Cidade do Rio de Janeiro, onde conseguem encontrar o procurado "monstro" (que na verdade era uma torneira gigante) e com mais uma ajuda do Mágico o levaram até à cidade de Oróz, que os recebeu em festa. Mas os quatro amigos não sabiam que uma torneira separada de seu encanamento não podia fornecer água, e quando descobriram isto a população da cidade se revoltou e o prefeito os condenou à morte. Perto do fim, Didi convence os seus companheiros a terem fé que a chuva cairia e os salvaria, e dizendo as frases "Vamos todos pensar firme, vamos todos pensar forte, pra cair um pingo d'água e mudar a nossa sorte", fazem o milagre acontecer: a chuva cai e o "monstro" finalmente jorrou água por sua boca. E toda a cidade festeja, e os três companheiros de Didi se tornam seres humanos normais, o que mais desejavam conseguir. O filme termina com uma mensagem escrita na tela, feita pelos Trapalhões aos governantes brasileiros, dizendo: "E choveu. Que a chuva que molhou o sofrido chão do nordeste não esfrie o ânimo de nossas autoridades na procura de soluções para a seca".
-AÇUDE DE ORÓS - Barragem Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira
-DESCRIÇÃO GERAL:
A barragem do Açude Orós está localizada no município de Orós, estado do Ceará, aproximadamente a 450 km de Fortaleza. Barra o rio Jaguaribe, uma das mais importantes bacias hidrográficas da região, drenando uma área de 25.000 km2.
Tem como finalidades: perenização do rio Jaguaribe; irrigação do Médio e Baixo Jaguaribe; piscicultura; culturas agrícolas de áreas de montante; turismo e aproveitamento hidrelétrico.
Foi projetada e construída pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS, com a participação do consultor Engº Casemiro José Munarski e do Laboratório Hidrotécnico Saturnino de Brito S.A.
Desde os tempos do Império (século passado) e nas primeiras décadas da República, a barragem do Boqueirão do Orós era motivo de análise. Porém, somente nos primeiros anos da IOCS foi estudado e concluído o anteprojeto da barragem, destruído pelo fogo antes de sua execução, no incêndio de 1912. No ano seguinte, o engenheiro inglês Louis Philips procedeu a sondagens iniciais no local, constatando a existência de um bolsão de material aluvionar situado no meio do boqueirão, com mais de 40 m de profundidade, impedindo o seu fechamento por uma barragem de eixo retilíneo entre as ombreiras. Propôs, como conclusão, ou uma barragem curvilínea para montante apoiada nas vertentes do boqueirão, ou uma barragem retilínea a jusante do mesmo. Sondagens posteriores mostraram que as bordas do bolsão alcançavam cerca de 200 m a jusante do eixo da garganta e a camada de sedimentos clássicos nele depositados superava os 80 m de espessura.
Por ocasião da seca de 1919, o Governo Federal contratou a firma norte-americana Dwight P. Robinson & Co. para elaborar novo projeto e implementar a obra, Razões técnicas inviabilizaram a construção da barragem, que seria em alvenaria ciclópico, no local do boqueirão.
Após a excepcional enchente de 1924, que extravasou o dique de desvio e destruiu parte de instalações e obras iniciadas, seguiram-se ordens de um corte drástico nas verbas da IFOCS, paralisando construções e serviços em andamento.
A seca de 1932 provocou novo aporte de recursos federais e a equipe técnica da IFOCS, sob orientação do Engº Luiz Vieira, elaborou novos projetos, um para barragem de terra e outro para de concreto. A barragem, de um ou outro tipo, teria eixo retilíneo e se localizaria a jusante do boqueirão.
Já em 1957, estudos litológicos e estruturais efetuados no local pelo Prof. Arthur W. Schneider, o resultado de novas sondagens, assim como a abundância de rocha, areia e argila nas proximidades, induziram o Prof. Casemiro José Munarski, consultor do DNOCS, a sugerir o projeto definitivo.
Os técnicos do DNOCS elaboraram, então, dois anteprojetos para barragem em arco, com fundação sobre rocha: um em concreto gravidade e outro em maciço zoneado com argila, areia e enrocamento.
Motivos de ordem econômica e a disponibilidade de equipamento procedente da barragem de Araras, recém-concluída, induziram à elaboração da segunda alternativa de projeto, ou seja, a construção de uma barragem de terra zoneada.
Em outubro de 1958 foram escavadas as fundações, ficando prontas para receber o maciço previsto no projeto, tão logo cessassem as chuvas do ano seguinte.
O Engº José Cândido Castro Parente Pessoa, Diretor Geral do DNOCS à época, então determinava: "para realizar a construção do Orós em ritmo econômico, esta obra precisa ser levantada até a cota do coroamento (cota 209) entre junho de 1959 e março de 1960." E completava: "tão logo seja atingida a cota 185, todo o equipamento disponível para perfuração será localizado na área do vertedouro."
-RESERVATÓRIO:
Em 1960, equipamentos de terraplenagem trabalhavam 24 horas por dia. As chuvas que chegaram bastante tardias e fracas no início desse ano, intensificaram-se em março de maneira violenta e passaram a comprometer o maciço em construção, pois o túnel, previsto para tomada d'água, não dava vazão suficiente àquela cheia excepcional.
A barragem ainda nem alcançava a cota 190 quando, com o recrudescimento das chuvas torrenciais, as águas começaram a lavar o maciço aos 17 minutos do dia 26 de março.
Diversas soluções foram intentadas durante a iminência do transbordamento. Com o início da extravasão das águas, julgou-se mais recomendável controlar o acidente. Para tanto, iniciou-se a abertura de uma vala no maciço, por onde a água passou a fluir em catarata, erodindo seu próprio vertedouro até a fundação da barragem e levando seu coroamento.
O desgaste do topo da barragem recoberto pelas águas foi pequeno, como limitada foi a erosão na fenda central, onde a correnteza formou um canal bem definido, de paredes quase verticais. Tinham sido destruídos 877.500 m3 do maciço que, na ocasião, já alcançara 2.000.000 m3.
O bom desempenho na execução da obra fez com que, tão logo o tempo permitisse o início de sua reconstrução, fosse aproveitado, total e seguramente, o que restou da barragem, cujo coroamento foi atingido em novembro do mesmo ano, sendo inaugurada em 11 de janeiro de 1961 pelo então Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira. E desde então, com quase 30 anos de existência, nenhum outro acidente tem-se a lastimar.
Ainda inconclusos permanecem alguns serviços previstos para aproveitamento total da obra, como a instalação de comportas que dobrariam o atual volume do açude e a construção da usina hidrelétrica, alternativas no momento descartadas.
-ARRANJO GERAL:
A barragem consiste de um maciço zoneado, com núcleo impermeável argiloso, seguindo-se para montante e para jusante seções de areia recobertas por espaldares de enrocamento.
Em todo o seu desenvolvimento a barragem consiste de um aterro cuja crista está na cota 209, com a largura no coroamento de 10 m. O talude de montante é de 1V:2, 5H até a cota 180 e prossegue com 1 V:3H até a base. O talude de jusante é de 1 V:2H até a cota 180, sendo 1V:2,5H até o terreno natural. A barragem foi idealizada de forma a empregar materiais disponíveis, utilizando-se, porém, diferentes métodos de colocação no maciço.
O material da zona 1 é impermeável e se trata de uma mistura de argila, silte e areia e algum pedregulho, espalhado e compactado em camadas de 15 cm por meio de rolos pé-de-carneiro. O material da zona 1 se estende entre o embasamento rochoso estabelecido para fins de projeto, da cota 155 à cota 208. Ocupa no topo praticamente toda a largura da pista e se estende com talude 1 V:1 H tanto para montante como para jusante, Assim, a espessura do material impermeável na base será mais de duas vezes a carga hidrostática, o que satisfaz ao critério geralmente estabelecido para a dimensão da seção impermeável neste tipo de barragem.
O material da zona 2 é uma mistura de areia com alguns pedregulhos, obtido de escavação no leito do rio e de outras jazidas dos seu afluentes. Foi adensado em camadas de 30 cm pela passagem de rolos vibratórios.
-HIDROGRAMA DE ENCHENTE:
Por fim, o material de enrocamento da zona 3 foi obtido da escavação do vertedouro e de pedreira, e lançado em camadas aproximadamente horizontais com cerca de 1 m de espessura.
O vertedouro, projetado pelo Laboratório Saturnino de Brito, consta de uma soleira vertente de eixo curvo, dividida por 13 pilares construídos para suportar futuras comportas que elevariam para 4 bilhões de ml a sua capacidade de acumulação, opção atualmente afastada. O canal vertente, terminando por um salto de esqui, tem seção variável.
A tomada d'água, situada na ombreira esquerda, é constituída por túnel circular, escavado em rocha e revestido por chapas de aço. A montante estão instaladas duas comportas acionadas por um sistema hidromecânico de elevação, a jusante, o túnel se bifurca. Uma das saídas é controlada por uma válvula dispersara que assegura vazão regularizada para utilização pelas populações de jusante. A outra derivação destina-se à instalação de uma hidrelétrica.
Da margem direita do reservatório, em direção ao Açude Lima Campos, parte um túnel destinado a complementar a água necessária para irrigar as terras férteis situadas a jusante dessa última barragem.
-GEOLOGIA E GEOTECNIA:
No boqueirão de Orós, o rio Jaguaribe cortou um flanco de dobramento formado pelos xistos da série Ceará, Pré-cambriano. Neles destacam-se os quartzitos compactos, quartzitos xistosos e estaurolita-grafito-xisto granatíferos. De ambos os lados ocorrem migmatitos.
O quartzito mergulha sob um ângulo de 46º, aproximadamente, em direção oposta à da corrente do Jaguaribe. Apresenta coloração clara e granulação média uniforme. As superfícies das juntas acham-se revestidas freqüentemente por finíssimas palhetas de mica dourada.
A rocha passa gradualmente por tipos de intercalações micáceas com visível xistosidade. Observam-se numerosas disjunções que mereceram a devida atenção na execução da barragem, porque poderiam constituir caminhos para a fuga das águas.
Desta maneira, e após a revisão das sondagens executadas, achou-se conveniente promover o tratamento por meio de injeções de cimento nas fundações e nas encostas da barragem.
Para se conseguir maior eficiência das injeções, as perfurações tiveram uma declividade normal aos pianos das disjunções.
Capeando todas as injeções, foi construída uma mureta de concreto levemente armado incrustada na rocha.
-MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO:
Sobre as amostras de solos, foram realizados ensaios de laboratório para a identificação e determinação da resistência e da permeabilidade. Os resultados dos ensaios sobre os materiais impermeáveis permitiram avaliar a grandeza da pressão nos poros no período de construção, mostrando que ela é sensível a pequenas variações no teor de umidade. O valor da massa específica aparente do solo compactado foi estimado pela média das massas específicas aparentes secas e dos respectivos teores de umidade obtidos no laboratório. Assim, adotou-se para o material impermeável a massa específica aparente máxima de 1.820 k g/m3 e respectivo teor de umidade de 14,5%.
Nas obras do DNOCS prefere-se trabalhar no ramo seco da curva de compactação, resultando para a massa específica aparente do solo seco de 1.795 kg /m3 para teor de umidade 1% menor do que a ótima e de 1.750 kg/m3 menos 2% do teor de umidade ótima. Baseando-se em experiência anterior com solos semelhantes aos encontrados nas investigações preliminares, achou-se favorável o estudo da correlação entre o teor de umidade no maciço de material impermeável e a pressão nos poros que seria gerada no período da construção.
-ANÁLISE DE ESTABILIDADE:
As análises de estabilidade foram feitas pelo método sueco. Foram admitidas várias hipóteses nas avaliações. Os coeficientes de permeabilidade nas direções vertical e horizontal da zona impermeável foram calculados na razão de 1:4, nos casos de funcionamento normal de represamento e esvaziamento súbito. Adotou-se a hipótese de que o material da zona 1 é inteiramente impermeável, isto é, k = O durante o período da construção da obra. O material da zona 2 é permeável, bem como o da zona 3. Por sua vez, a fundação entre o pé de montante do enrocamento e o pé de jusante da zona 1 é impermeável e nas porções seguintes é permeável.
A resistência ao cisalhamento dos solos e rochas foi obtida através de correlação entre o índice de vazios e a tangente do ângulo de atrito interno. Desta forma, selecionou-se para a massa específica aparente seca com menos de 1% da umidade ótima, índice de vazios de 0,459 e valor da tangente o igual a 0,6. No caso da areia o valor de tangente o selecionado foi igual a 0,65 e, da mesma forma, para o caso do enrocamento.
A análise de estabilidade foi feita para os seguintes casos:
Construção muito rápida com geração de pressão nos poços;
Estudo do latitude de montante;
Fator de Segurança igual a 1,54;
Reservatório cheio após o estabelecimento do escoamento normal através da barragem, isto é, plenas condições de funcionamento;
Caso do talude de montante;
Fator de Segurança igual a 1,91, idêntico ao caso anterior, porém para o talude de jusante;
Fator de Segurança igual a 1,41;
Esvaziamento súbito entre o nível máximo das águas e a cota 175, aproximadamente ao nível em que se situará o túnel (montante);
Fator de Segurança igual a 1,96;
Talude de jusante, onde o corpo da barragem assenta sobre areia;
Fator de Segurança igual a 1,85.
Finalmente procurou-se analisar a influência do leito arenoso situado a jusante da zona 1, que ficará servindo de base para as zonas 2 e 3. Admitiu-se que o terreno de fundação arenosa possuísse a massa específica de 2.020 kg /m3 quando saturado e 1.020 kg /m3 , quando submerso, e o ângulo de atrito interno de 27º. Fator de Segurança igual a 1,85.
-HIDROLOGIA:
O regime das chuvas foi obtido através dos dados das estações pluviométricas localizadas dentro da bacia hidrográfica, no período de 1912 a 1934. Para determinar as vazões de projeto, utilizaram-se dados limnimétricos e as fórmulas empíricas do Engº Francisco Aguiar.
-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AGUIAR, Francisco Gonçalves de. Estudo hidrométrico do Nordeste brasileiro (Excertos). B. Técnico. Fortaleza, DNOCS, 36 (2): 129 - 204, jul./dez, 1978.
MACEDO, Maria Vilalba Alves de. Características físicas e técnicas dos açudes públicos do Estado do Ceará.
Fortaleza, DNOCS, 1977. 132 p.
MUNARSKI, Casemiro José. Açude publico Orós; projeto da barragem de terra - verificação da estabilidade. B. DNOCS, Rio de Janeiro, 20 (6): 159 - 65, nov. 1959.
PESSOA, José Cândido Castro Parente. Revisão do Projeto do Açude Orós; (Memória). B. DNOCS, Rio de Janeiro, 21 (7): 225 - 7, fev. 1960.
PINHEIRO, Luiz Carlos Martins. Orós: caso inédito? B.DNOCS, Rio de Janeiro, 21 (8): 269 - 91, maio 1960.
-FIGURAS ILUSTRES
Raimundo Fagner Cândido Lopes mais conhecido apenas como Fagner (Orós, 13 de outubro de 1949) é um cantor, compositor, instrumentista, ator e produtor brasileiro, e um dos integrantes do chamado Pessoal do Ceará.
Mais jovem dos cinco filhos de José Fares, imigrante libanês, e Dona Francisca, Fagner nasceu na capital cearense, embora tenha sido registrado no município de Orós.
O nome de Fagner vem sendo incluído na lista dos maiores cantores de música latina, principalmente pela sua filiação com outros músicos latinos não-brasileiros, como Mercedes Sosa.
-IGREJA
A primitiva capela, dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, data de 1928, tendo como colaboradores o Dr. Egberto Carneiro da Cunha e José Fares Lopes.
A missa inaugural teve como celebrante o padre Raimundo Rolim. Demolida a primitiva capela, em virtude de má localização, ergueu-se em outro local, contando para tanto com a efetiva colaboração popular (1965).
Freguesia e Paróquia estão vinculadas ao Bispado de Iguatu.